Os acidentes aéreos são poucos comuns, levando em consideração o número de aeronaves que ocupam o espaço aéreo todos os dias e ao mesmo tempo, cruzando rotas pré-determinas pelo plano de voo e pelo controle do tráfego.
Investigação de acidentes aéreos
Contudo, quando acontece um acidente, dezenas de pessoas são envolvidas nas investigações para descobrir as causas do mesmo, que pode ser resultado da intervenção humana, do clima e por problemas mecânicos, além de outros fatores.
Havendo um acidente aéreo, entra em cena o setor de investigação, que no Brasil o órgão responsável é o CENIPA, órgão do Comando da Aeronáutica responsável pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER).
Investigação Militar
As investigações feitas pelo órgão são independentes, ou seja, ela ocorre mesmo que haja outras investigações em curso, como o que apura as responsabilidades pelo acidente, conforme o Art. 88-B do Código Brasileiro da Aeronáutica.
NO caso específico, as investigações sobre o acidente ocorrem mesmo que haja uma investigação judicial em andamento, por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM).
Coleta de Dados
Durante a fase de coleta de dados, os investigadores realizam a Ação Inicial, a fim de buscar as evidências no local da ocorrência. A ação inicial deve ser iniciada com o menor intervalo de tempo possível, de modo a permitir que o local tenha sofrido nenhuma ou o mínimo possível de alteração ou perda de evidências (exemplo: exposição à chuva).
Quando as ocorrências são observadas sobre o solo, marcas deixadas no terreno, nas construções e árvores no entorno, bem como a distribuição dos destroços sobre o terreno, são evidências importantes para que se possa avaliar a trajetória de impacto, a energia envolvida, se houve desintegração em voo, etc.
Na sequência são levantados os documentos afetos aos tripulantes (caderneta de voo, certificado médico aeronáutico…) e aeronave (caderneta de motor, hélice, registros de manutenção realizadas…), encaminhado o material para testes e análises, e realizadas pesquisas, entrevistas, extração de dados de gravadores de voz e dados (CVR).
Equipamentos como motores e caixas de transmissões são, normalmente, encaminha dos para verificação em oficinas credenciadas ou para o próprio fabricante e necessitam do acompanhamento do militar da ComInvAAer encarregado pela investigação ou, preferencialmente, do encarregado pelo Fator Material. Também é possível a presença de outros especialistas, caso se julgue necessária.
Análise dos dados
Na fase de análise de dados, são avaliados os documentos e dados obtidos na fase anterior, avaliados todos os laudos de testes e pesquisas solicitados, levantados os fatos, criadas as hipóteses e gerada a análise com as conclusões obtidas.
Fato importante a ser ressaltado é que essa segunda fase muitas vezes ocorre em paralelo com a coleta de dados pois, durante a análise dos dados obtidos na fase anterior, perguntas adicionais podem surgir e requerer maior coleta de dados, pesquisas ou mesmo o emprego de simulações
Equipamentos eletrônicos
A investigação transcorre como um grande quebra-cabeça. No início, o que se tem são as diversas peças em completa desordem. Com o desenrolar dos dados levantados da ação inicial, da aeronave, dos tripulantes, das entrevistas, dos testes e pesquisas, dos gravadores de voo e voz, etc., a imagem começa a surgir, até que, com a continuidade dos trabalhos, a foto completa ou parcial do quebra-cabeça emerge.
De fato, nem sempre a investigação será conclusiva. Por vezes, será necessário se utilizar de hipóteses para se chegar à conclusão mais próxima do que realmente ocorreu.
Emissão de relatório sobre o acidente
Quando terminada a investigação, é emitido o relatório preliminar pela ComInvA-Aer e, posteriormente, o relatório final pelo SIPAAerM, nos quais constam, detalhadamente, todos os fatores que possam ter contribuído para a ocorrência e as respectivas recomendações de segurança, estas com o endereçamento aos responsáveis pelo cumprimento.
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Artigo publicado na Revista da Aviação Naval